Felicidade e cegueira na mesma frase?
Fiquei cega há 2 anos atrás. Em 2004 tive um descolamento de retina e fiquei cega do olho esquerdo; em 2017 foi a vez do olho direito… fiz uma cirurgia que correu mal, e acabei por ficar totalmente cega.
Confesso que nesse dia o meu mundo parou. Durante os primeiros dias não tive reação, não sabia o que fazer. Mas entretanto pensei que só me restavam duas alternativas: tornar-me uma pessoa triste, frustrada e desmotivada, ou encarar esta situação e tornar-me independente e autónoma.
Escolhi a segunda hipótese. Dez meses depois, fiz o meu primeiro percurso sozinha, entre o metro e o autocarro;cheguei ao destino em segurançae fiquei muito orgulhosa de mim.
Neste post gostaria de destacar a importância da resiliência e da adaptação, realmente somos dotados de competências que em alturas de mudança fazem mesmo toda a diferença.
A perda de visão foi uma grande perda. Mas não foi o fim.
E nesta altura sou simplesmente a Bárbara. Tenho 38 anos, sou casada e tenho duas filhas, actualmente com 4 e 13 anos, respectivamente. Para além de mulher a tempo inteiro e mãe a toda a hora, estou a preparar-me para reintegrar o mercado de trabalho, agora com outras circunstâncias.
Envolvi-me no projecto Sexto Sentido, um projecto de corrida guiada cujo objectivo é quebrar preconceitos e estimular a prática desportiva, através da inclusão de pessoas com deficiência visual no mundo do running.
Sinto-me viva. Sinto-me a Bárbara.
Uma das coisas que me faz muita confusão desde que perdi a visão, é a forma como as pessoas olham para a deficiência. Como costumo dizer, continuo a mesma pessoa, tenho as mesmas características, os mesmos gostos e vontades. Sei que tenho limitações, algumas possíveis de contornar, mas também tenho a plena convicção que a minha felicidade não depende da minha visão, mas sim da forma como escolho viver com ela.
Sem pena. Com inclusão plena!
Convidamos a assistir a este vídeo que aborda este tema de uma forma leve como tanto gostamos.
Bons horizontes!